A espuma dos dias, a caixa negra e palavrinhas para logo

Imbicto leitor,

Pá, já não falamos há muito… A vida tem períodos de adensamento excessivo e cá ando eu num deles. Eu avisei e não te seguem mais desculpas, porque já seria pedi-las a mais.

Muita coisa tem acontecido. Como sempre, pouca dessa coisa é importante. Afinal de contas, estamos em Portugal, esse país estranhamente resignado de forma histórica e constante, há praticamente mil anos, tendo nos feitos reumatológicos uma desculpa perfeita para o auto-elogio que justifique a inércia, a inutilidade e o estatuto.

Como na História, já ninguém se lembra… Ninguém se lembra do que aconteceu ontem, quanto mais daquilo que se passou há cinquenta anos; ou há quinhentos, quando nos contam estórias bonitas de um povo cuja razão de heroicidade é bem mais obscura do que se pensa e bem menos homérico do que Vangelis versão escrita por um indivíduo “voluntariamente obrigado” a ver meia-verdade – e a transmiti-la em cantos – depois de vir lá dos lados de Marrocos. E tudo isto continua; é cíclico e doentio…

Marrocos está no mesmo sítio, mas com outros donos, outros nomes e outra auto-determinação. Marrocos literal e geográfico, tão paralelamente relacionado com o figurativo, tão cheio de “mouros” predestinados e de pessoas que acham que falam sem o sotaque enviesado da língua e daquilo que as palavras significam…

Estalou uma espécie de “guerra santa” dos impolutos. Como sempre, fazer cair o poder onde se cria fossa. O de sempre não se cala e a memória aviva-se. E aviva-se constantemente porque alguém se lembra de repeti-la em eco, quase como bem decoradinha ao estilo do Ensino Primário. Essa memória curta, de taboada mais decorada do que sabida, que nunca apanha o nosso clube e faz dele o bode expiatório de todos os males da vida, do futebol e da cultura nacional desgraçada por não ter um elemento centralista a dominar o panorama.

Eles divertem-se. Defendem-se com apitos e pitos. Armam-se em peixeira de pregão como se fossem a pita mais popular do liceu. Procuram palco, mas falta-lhes talco. Talco e chá, nem que seja com leitinho, banquinho e em pó, para o “speed“…

Gente que confunde um olho cego com um piscar. Gente que só permite memórias porque as lembra, convenientes. “Jornalistas” determinados na lama de sempre, a dar o pasto aos de sempre, para que comam como sempre: Amen!

Um novo (“mais-velho-do-que-você-imagina”) espécime entrou em cena em busca do Santo Graal da audiência, cheio de bloquinhos e folhas cagadas para não se esquecer de falar sobre seriedade. Esquecimento… Esquecimento de quem já foi jornalista e sabe da coisa. Esquecimento da acusação; “O Independente” já lá vai…

Um velho comentador passou-se e voltou à versão que me fez dizer neste espaço que o tinha como pessoa séria, fazendo quase jus ao nome plural – não fossem os episódios constantes da acusação comparativa e despropositada com o “Apito Dourado” para referir-se a caixas negras, a embrulhos, a jantares e a borga para quem sopra o apito.

Caixas negras… de Pandora, dos males do mundo que ninguém podia saber. Avaliadas em pecúnia e esvaziadas em intenção. Pacúnia que somada é mais do que os “piners” estipulados por regulamentos aos quais recorrem quando lhes convém. E logo em CHF…  Sessenta euros de pacote, coisa que em francos deve dar qualquer coisa como cinquenta e tal “ouros”. E tu, que lês escandalizado estas verdades, se és rubro…

Sim, caixa negra. Púdico de merda, tem vergonha! Vais colar-me àquele que faz metáfora com raças para defender o indefensável com valores possuídos por democratas auto-intitulados? Não é por ter o Eusébio pintado na capa que alguém cá falou no ídolo de multidões – a não ser aquele cujo argumento foge para o ridículo e balofo, cheio de si; cheio de nada. Caixa negra porque de negra tem pouco; vislumbra-se assim mas é como a dos aviões, cuja cor não reflecte o nome, detentora das verdades escondidas no seu âmago. Caixa negra, de pandora, desses males que descobriram a uma mulher de César da qual todos lhe sabiam a fama mas cuja aparência não deixou que dela mal se dissesse; a aparência e os amigos cúmplices e “saltitantes”.

Tudo isto é um nojo: o futebol português, o próprio português típico que aparece nestas alturas, as desculpas, os joguinhos, o movimento circular de dedos estendidos que todos vêem mas que é sempre alegado em discursos legalistas padronizados.

E entretanto também houve bola. O meu Porto jogou com o meu Varzim, Varzim este que jogou melhor do que muitos que vegetam pela Liga NOS em busca do pontinho. E o Porto jogou fora. O Porto não joga em casas “emprestadamente” convenientes por falta de condições, num dia em que a nortada característica da Póvoa soprava bravia e impiedosa. André marcou a si próprio. Next

E hoje a bola rebola de novo. Linda como só ela sabe ser quando beija a prisão de corda hexagonal. Momentos que Gabriel Alves não consegue descrever no despropósito de algumas metáforas hiperbolizadas de nexo poético pouco prático.

Mourinho já nos deu a sentença. Não sei, mas dizem que adivinha coisas, resultados e assim… Também pressiona como ninguém. E quando perde, é “à Boss”.

Hoje, gente vinda do berço da civilização pouco civilizada tenta o heróico, à sua dimensão. Heróico mas nunca impossível, como tantos já provaram… Obrigação máxima: ganhar. Claramente vincar a nossa posição e fazer deste ano mais uma etapa da afirmação nacional do FC Porto. Não se esqueçam de que hoje jogamos contra o Benfica…!

Eles que falem, que provoquem e que se mordam. Nós, lá vamos passando com a caravana, embalados pela baba que só Pavlov, ou Pasteur viram… Passando e ganhando na distracção dos homens, em busca da cura que se injecte em estímulo de ser superior a isto tudo.

Afinal de contas, a lama é ali tão longe… E quando jogamos com a cor dela, ninguém dá por nós. Ainda sabe melhor…

Imbicto abraço!

9 pensamentos sobre “A espuma dos dias, a caixa negra e palavrinhas para logo

  1. Olá caro Imbicto. Já tinha dado pela falta deste cantinho. Entretanto o BiTri fechou como deves saber devido ao desaparecimento precoce do seu fundador.
    Mas como eu gosto de mandar umas postas de pescada e confesso que até serve como relaxante, criei um novo. Se quiseres consulta: ateoscomemoscarago.wordpress.com

    Grande abraço

    Pedro Sousa

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    1. Imbicto Pedro,

      Não fazia ideia! E deixo, desde já, os meus sentimentos à família e aos que estão mais próximos!
      O meu parco tempo não me tem deixado escrever, nem ler, praticamente nada…

      Desejo-te sucesso, já que mérito e jeito são prova dada e seguida, desde há muito, por mim, no BiTri. Obrigado pela partilha! Ah… e pelas palavras, claro!

      Imbicto abraço!

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    1. Imbicto amigo,

      Pensei que estivesses chateado comigo, pá! Enviei-te um mail pertinente há dias, mas não me respondeste. Deves ser como eu e como o Vassalo, a ver a caixa de entrada 😀 Vai mas é lá ver se já não apagaram o link que te enviei…

      Obrigado pelas palavras, meu caro!

      Imbicto abraço!

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