Não

Não vi o jogo em casa. Do carro transportei-me a meio do encontro em direcção à televisão mais próxima. No entretanto, Pateiro dizia: “este Porto não joga nada”. Fiz fé, compreensivo demais, sempre.

Recomeçou. Tudo normal: a conjuntura, a confusão, a falta de orientação e os feijões. Sem cinismos, tudo normal. Golo. Normal demais. Uma oportunidade; rede a balançar contra nós, nesse vento transportado de agoiro estranho.

E nisto, detenho-me a repensar:

Maicon pode ser trapalhão;

Hélton pode facilitar;

Imbula pode voltar a demonstrar saber jogar;

Pode. Tudo pode.

Substituição a tardar, compreende-se;

É o Rui, já de muito faz ajudar.

Pode haver tudo. Tudo. Tudo.

Não, Tudo não. Tudo menos ver alguém a sorrir após o golo. Esse alguém, separado de Peseiro pelo par que fala. Olhou à sua esquerda e sorriu logo após o golo, do alto da sua indiferença. Sorriu enquanto por dentro, uma vez mais, me via a chorar.

A cruz vai no adro. Não somos mais do que os cães que ladram ao defunto Porto: esse meu grande amor transportado sem que nele nos deixem tocar…

Ganhar, só mesmo no Casino, de facto… Agora sim, a ironia ecoa…

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8 pensamentos sobre “Não

  1. 1) Sem fio de jogo, não há hipótese. O único fio de jogo que há, o tal tiki-taka inútil juntamente com os passes longos lateralizados de Lopetegui, estão super entranhados e criaram raízes de tal forma nos jogadores, que vai ser difícil tirar esses vícios ainda nesta época. E como não há craques nem desequilibradores, só conseguem jogar daquele jeito.

    2) Antes tivessem colocado a equipe B completa pra jogar em Famalicão, pelo menos veríamos uma equipe à sério com chances de vitória e futebol vistoso, que nos enchesse de orgulho, como no último domingo contra o Santa Clara, ou até mesmo na injusta derrota em Portimão. Uma equipa rotinada, oleada, ensaiada, com garra, entrosada, e viu-se hoje nos Bês que jogaram a disposição, o empenho, a correria, a vontade entre outras coisas que deviam ser obrigação de quem joga na equipe A ganhando ordenados obscenos. Suk, apesar de talvez nem ter treinado uma única vez, foi um dos melhores, tentou, lutou, brigou, fez faltas, deu cabeçadas, acreditou em todas, nunca desistiu…

    3) Ao contrário dos Bês e do coreano, Sérgio Oliveira tem mostrado um futebol tão triste como a sua cara. Tem a sua segunda chance no FCP e é mais do mesmo, por isso foi emprestado há anos atrás. Não vibra, não grita, não bate, não corre, não morde, não explode, nada…

    4) Varela já tá mais que visto que não consegue produzir nada de útil, que não consegue acertar 3 passes certos num mesmo jogo, que não consegue se desmarcar, tabelar, criar, driblar, nada…nem velocidade ele tem… a defender, que não é e não devia ser a sua função principal, até tem conseguido jogar razoavelmente bem… pode ser que com o seu “descobridor” Peseiro ele volte a jogar futebol e não apenas fazer número em campo…

    5) José Angel sem ritmo, sem imaginação, sem raça… e emprestaram um excelente lateral-esquerdo cheio de futuro chamado Rafa pra rodar na Briosa, quando seria opção para suplente de Layun…idem pra Gonçalo Paciencia na sua respectiva posição…

    6) E pela primeira vez esta época vi jogadores da B sem saber o que fazer com a bola… porque quando jogam na B, tem noção de onde está o companheiro, tem noção pra onde lançar a bola, tem noção de tudo ou quase tudo …Francisco por exemplo, pegou a bola e ficou completamente cercado entre 4 adversários, porque não via ninguém a quem passar, ou com quem tabelar e receber na frente…quem vê Francisco na B já sabe que ali mesmo pertinho dele estão Omar, Graça e mais uma ou duas linhas de passe…

    7) Temos APENAS 3 zagueiros ( o 4º é Lichnovsky, e joga apenas de vez em quando), e os 3 estão em péssima fase há tempos, jogam mal e porcamente em todos os jogos independente da dupla, como isto é possível???

    8) Verdade seja dita, em um ano e meio, Lopetegui teve à disposição montes de jogadores com qualidade acima da média, e pelo menos os que cá ficaram para a 2ª época, quer fossem titulares ou suplentes, deviam estar plenamente rotinados e conhecerem muito bem os companheiros, casos de Brahimi, Herrera, Ruben Neves, Marcano, Indi, Maicon, Aboubakar, Tello, Angel, Helton, ou seja, MEIO PLANTEL!!! São todos burros que não conseguiram “pescar” nada???

    9) Ano e meio até a data de hoje, já estamos fartos de ver que: um dá o passe e o outro não sabe onde vai o passe, um lança e o outro não corre pra receber o lançamento, um recupera a bola, olha, olha, olha e não vê ninguém pra puxar um contrataque…até nos Passarinhos da Ribeira há fio de jogo, há entrosamento, há coletivo…e mais um meia-leca, treinador de uma equipe da 2ª divisão que jogou sem 8 titulares, conseguiu tramar este Porto ainda à Lopetegui, só não sei se disse que “já sabia como o Porto ia jogar e onde explorar as fragilidades”…

    10) Lopetegui deixou o Porto orfão de pai, mãe e parteira…

    11) Se Peseiro conseguir tirar metade dos “vícios” da equipe A, podemos estar otimistas..

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    1. Imbicto RBN,

      É muito, muito interessante a análise que faz. Obrigado pelo trabalho e pela partilha, desde já!
      Não me atreveria a chamar a isto tiki-taka. Entendo a ironia metafórica, mas até em metáfora soa a blasfémia 🙂
      Há três dimensões que não casam, de todo, neste FC Porto:
      a) a direcção, à deriva e descontraída com golos sofridos perante o Famalicão e onde a voz do presidente já não é a súmula de todas as discussões, dando lugar a parentescos descabidos de defesa em causa claramente alheia;
      b) o comando técnico, cujo altruísmo de Rui Barros não tem preço por agarrar numa equipa em fase de transição e numa espécie de momento descomplexado;
      c) a equipa, que depois do exacerbado protesto em relação ao treinador e à direcção, quando as coisas estavam menos mal que agora, se habituou a passar por entre os pingos da chuva, sem a mínima noção do que é o FC Porto.
      Não sei onde iremos parar. Espero, sinceramente, que Peseiro ajudo no que possa e que PdC dê respostas taxativas a perguntas que não imagino serem particularmente incómodas, incisivas e dignas de surpresa ou desconhecimento prévio.

      Imbicto abraço!

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  2. Grande verdade meu amigo. Aliás vinha mesmo com o propósito de fazer um post acerca do riso do Presidente. É vergonhoso. Nós a sofrermos e ele a borrifar-se para isto tudo. E não penses ouvir algo de positivo logo na entrevista. Vai ser mais do mesmo. ele na sua poltrona e os “súbditos” que se lixem.

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  3. Sim, vi o sorriso do Presidente. A televisão fez questão de o filmar imediatamente após o golo. Mas também vi que ele não sorriu com o golo sofrido. Entre o golo sofrido e o sorriso houve palavras do (presumo eu) Presidente do Famalicão. O que terá dito não sei… Também nunca o vi festejar efusivamente um golo do Porto quando está sentado no camarote presidencial. Imagino que quem lá está tem um comportamento diferente de quem está nas bancadas ou na cadeira do café. Muitos sorrisos amarelos ele deve ter visto e muitos terá feito enquanto presidente.
    Mas querem com isto dizer o quê? Que já não é Portista?

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    1. Imbicto Tiago Santos,

      Obviamente que ninguém está a insinuar o que quer que seja.
      A óbvia constatação é o do puro e simples marimbanço com tudo o que se está a passar.
      Para além do mais, a esmagadora maioria das transmissões foca a bancada VIP após os golos. Todos sabem disso – até o presidente. E por isso, nem que fosse por respeito, haveria sorrisos menos ostensivos e arreganhados para mostrar, à escolha no leque que todos temos.

      Imbicto abraço!

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