Não é só uma camisola | Parte III – votação

Imbicto leitor,

Chega, finalmente, a terceira parte desta reflexão e análise acerca do nosso traje rematado em brasão abençoado.

Este terceiro artigo será mais particular. Pretendo abordar pequenas curiosidades ou matéria que ficou por tocar nos dois artigos anteriores. Contém ainda uma votação que pretende rematar esta discussão e que procura saber qual é o padrão que preferes ver nas camisolas do FC Porto.

Se não tiveste a oportunidade de ler e queres contextualizar a abordagem de hoje, tens aqui a primeira parte e aqui a segunda parte. Tentarei ser menos exaustivo, terminando com uma proposta que gostaria de fazer à comunidade portista, através dos agentes da Bluegosfera.

Para já, rematemos algumas questões pendentes…


Afinal, quantas faixas deve ter o equipamento principal?

Eis uma dúvida que se torna em intransigência em alguns espíritos mais agarrados à tradição. Mas o que é a tradição: A vitória (os anos em que ganhámos troféus)? A quantidade de anos que usámos um determinado padrão? A correspondência com os equipamentos originais? Qual é, afinal, o equipamento original?

Toda esta celeuma nunca encontrará resposta. E não a encontrará porque estamos numa comunidade, onde todos têm voz e gostos diferentes. Aliás, foi essa forma de pensar e esses confrontos de opinião interna que fizerem de nós o que somos, hoje. Portanto, e respondendo às questões acima formuladas, houve vários equipamentos diferentes associados à vitória. todos eles únicos. Vejamos os exemplos retomados do artigo anterior:

fc porto 1922

Conquista do primeiro Campeonato de Portugal, 1922

fcp 1934

Conquista do primeiro Campeonato da Liga, 1935

fcp 1940

Conquista do bi-campeonato, 1940


Como podemos verificar, é esbatida, a fronteira que separa a consideração dada àquilo que é o original. Se o original é considerar a conquista, ou a conquista marcante; se o original é relevar a continuidade do traje por mais tempo; ou se o original é o mais antigo de todos. Mesmo conscientes de que “original” significa “aquele que é de origem, o inicial”, resta saber quem e quando considera que será a origem do traje “tradicional”, ou típico do FC Porto. Não há, de facto, uma resposta que agrade a todos, sob pena de estarmos ainda hoje a trajar branco e rubro, quando se sabe que, em 1906, se descobre o primeiro equipamento oficial (ainda bem que não encontrei fotografias…). Talvez isto ajude a justificar a minha insistência no vermelho dos números nas costas… Tudo devido a essa mesma falta de consenso, que relegou as simpatias monárquicas do nosso fundador, que adoptou, de imediato o azul-e-branco, para um segundo plano.

Porém, se acreditarmos que o original é trajar com um dos primeiros equipamentos conhecidos às riscas verticais, então teríamos de concordar que o equipamento de 1934/35, ou o de 2013, que celebra os 120 anos de clube, são os fiéis, numa variação entre os calções azuis, brancos, ou negros, remetendo-nos aos anos de 1907 a 1909 (aqui, um destaque para a polémica dos calções negros do campeonato Kelvin que, afinal, tinham sentido… na subjectividade clássica da apreciação).

fcp 1907

FC Porto com os atletas do actual Celta de Vigo, 1907

fc porto 2013

Equipamento comemorativo dos 120 anos, 2013


Sabendo tudo isto, adensa-se a dúvida para a qual a resposta seria, eventualmente, a prática hoje usada.

Mesmo conscientes de que as variações anuais introduzidas nos equipamentos têm em mente um princípio comercial, usando a história intercalada nos anos, do clube, como pretexto, não podemos ser indiferentes a esse facto, pois é importante que, para além de ser necessário fazer receitas com as camisolas, é também interessante integrar na consciência de quem não nos conhece que o nosso traje sofreu variações e que nenhuma delas é a única e fiel. Todas elas tiveram o seu lugar na história.

Não me alongarei nos considerandos acerca desta temática. Creio que só haverá consenso numa eventual votação oficial. Até lá, submete o teu voto para perceber qual dos exemplos preferes, para que haja uma ideia de qual será o desenho preferido. E obrigado, desde já, por isso!


Uma questão de cor

Ontem, foi lançado o equipamento alternativo do FC Porto. Como seria de esperar, aguardei para ver aquilo que seria mais do que esperado: repúdio.

Bom, vamos lá ver isto com alguma atenção e sem o sensacionalismo de um artigo publicado pelo ´Jornal i´ com a mesma qualidade da cor deste equipamento e que nem me atreverei a colocar aqui como link para vos poupar à provocação de sempre.

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Vamos a factos: a cor é lindíssima. O castanho é nobre, remete a um conceito tradicional que vai de mãos dadas com a cidade. Mas, aquela conjugação de cores… Faz-me lembrar umas mantas que tenho em casa guardadas, dos anos 70. E não há declarações em destaque do responsável da NB que o Dragões Diário consiga lançar para fazer encobrir esta desgraça total. E confesso, fiquei a salivar com as primeiras fotografias de pormenor, nomeadamente esta, em que ainda pensava estar perante algo especial:

nb 5

Infelizmente, a qualidade das máquinas digitais e dos programas de manipulação traz o melhor e o pior. O pior será, claramente, o facto de in loco vir a ser ainda mais chocante do que em estúdio… Mas calma! Querem apostar que vai vender forte e feio!? Querem apostar que alguém comprará só para “meter nojo”!? O marketing tem destas coisas e com toda a certeza de que o cenário será bem mais sorridente do que aquele que vamos pintando ainda em choque. Tenho a certeza disso!


Falando em alternativas…

Já que estamos a falar na camisola alternativa, permitam-me algumas sugestões

Em nome da maximização publicitária da marca FC Porto, há manobras necessárias que podemos, ou não, gostar, mas que, na contemporaneidade, mostram-se como fulcrais para a sobrevivência e projecção da marca.

Francamente, duvido que o caminho que está a ser seguido seja o melhor… Não encontro lógica para lá da da camisola cor-de-rosa do ano passado, que procurou – com tremendo sucesso – cativar o público feminino… e não só. Foi muito bem pensado, para lá do gosto subjectivo de cada um e do facto de só ficar bem em campo ao Quaresma.

Há um caminho a trilhar e que se pode adaptar à própria procura de investimento externo, na falta de melhor.

Alguém já pensou na possibilidade do FC Porto vir a equipar-se com as cores da selecção colombiana, em alternativa?

colombia national

Acham mesmo que a camisola que mais se venderia por lá, economia emergente onde a classe média está no pico da sede de consumo, seria a principal, num clube onde a tradição de jogadores colombianos é tremenda?

E já imaginaram um equipamento alternativo assim:

celta

Sim! É o “nosso amigo, o Celta de Vigo”. E por que razão!? Amigos, têm noção da quantidade de galegos, nomeadamente da baixa Galiza, que têm como segundo clube o FC Porto? Têm noção do impacto que teria em termos financeiros uma campanha promocional enquadrada onde houvesse integração de promoções, ofertas e publicidade do FC Porto com a nossa camisola alternativa semelhante à do Celta?

Calma! Não se deixem levar pelo instinto! Pensem. Reflictam bem sobre isto! Isto é a sério. Há uma oportunidade de negócio que se desperdiça de cada vez que fazemos a “merda” deste ano, dando mais voz a um pseudo-especialista em design do que a especialistas em marca.

Quem fala nos exemplos acima, poderá também falar em adaptar a cor do equipamento secundário à cor da marca publicitária, numa estratégia que poderia passar até por mais do que um patrocinador, dependendo do equipamento. Mas isto é matéria para outra discussão…


Sugerindo…

Chegamos então ao momento da sugestão de que falei.

E se fôssemos nós, portistas, a propor o desenho do equipamento? Temos uma rede: a Bluegosfera. Com o apoio do site do FC Porto e da natural adesão da imprensa que se interessa por estas curiosidades, seria fácil chegarmos a um ponto em que propomos vários desenhos a votação, dando uma indicação às marcas daquilo que gostaríamos que fosse(m) o(s) equipamento(s) do ano seguinte…

Pensem nisso e proponham! O espaço abaixo vai sentindo falta disso…

Imbicto abraço!


P.S.: Fica a minha atenção mais especial aos espaços Memória Azul e Bibó Porto, Carago!. Aconselho vivamente a sua consulta nas mais variadas temáticas, especialmente sobre os pedaços de história em que me inspirei para fazer estes três artigos que, espero, não se tenham tornado repetitivos para quem já conhece a evolução dos equipamentos.

4 pensamentos sobre “Não é só uma camisola | Parte III – votação

  1. Caro Imbicto,

    Antes do mais muitos parabéns por um fantástico blog que estou ainda a descobrir.

    Voltando ao tema, eu desde já me confesso apreciador do segundo equipamento. Como alguém com “antecedentes criminais” em design preferia algo mais minimalista (abdicando das listas caramelo) e possívelmente num tom mais escuro tipo chocolate negro.

    Idealmente penso que os equipamentos alternativos do Porto deveriam ser ou todos brancos ou todos escuros (azul marinho seria a minha primeira opção, mas o roxo – 2005/2006 ? – o castanho ou o preto/cinzento escuro) podiam perfeitamente variar numa rotatividade estabelecida por mandato da direcção.

    Quanto ao alternativo “Colombiano” já tivémos na época de AVB em que ganhamos tudo. Não sou grande apologista de cores claras nas camisolas ou calções à excepção do branco. Acho que dão uma imgem “soft” e de alguma fragilidade. Prefiro cores fortes e/ou escuras.

    Dito isto, mais vale a cada cabeça com uma opinião sobre os equipamentos (novos e velhos) mandar um CV para a New Balance, a ver o que acontece…

    Abraços

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    1. Imbicto hmocc,

      Muito obrigado pelas palavras e pela disponibilidade!
      Entendo perfeitamente o ponto de vista. Eu próprio também tenho “antecedentes criminais” em design, daí o meu atrevimento em tocar num assunto tão delicado, embora qualquer um possa opinar acerca disto com toda a propriedade, ou não fosse o equipamento para qualquer imbicto adepto.

      A lógica que referi em relação aos equipamentos secundários ignorava essa problemática quanto à conceptualização cromática. Estava a tentar ir mais de encontro às oportunidades de negócio em mercados onde existe potencial de venda, devido à massa adepta internacional que por aí se espalha. Isto, claro, integrado num todo estratégico, onde existiriam promoções, pequenas academias, etc. Enfim… aquilo que já se vai fazendo, mas com um propósito ainda mais definido e reforçado.

      Em relação às cores utilizadas no equipamento alternativo, tenho a mesma opinião – daí ter dito que estava esperançoso quando vi a primeira imagem com um único tom de castanho. O conceito “minimal” sempre recolheu mais unanimidade, relegando a cor a uma consideração secundária (mas sempre importante), até porque faz todo o sentido associá-la à cidade, ou ao antigo histórico. O problema é mesmo a conjugação cromática que mata qualquer argumento que se possa ter a favor da cor maioritária, ou até do desenho do equipamento.

      Seja roxo, cinza, amarelo, laranja, ou até este castanho numa outra variação são sempre soluções a ter em conta. Para mim, os equipamentos do “campeonato Kelvin” talvez tenham sido, todos eles, os mais interessantes em termos conceptuais, na cor e no padrão, mesmo tendo em conta as listas horizontais dos alternativos.

      Compreendo ainda essa questão da conotação e despoletar de sentimentos através da percepção da cor. O amarelo é, de facto, “amistoso”, assim como o cor-de-rosa. Ainda assim, hoje em dia, o marketing e a necessidade de cativar novos públicos obriga a cometer esses desvios. Mas sem dúvida que o impacto da cor tem uma influência inultrapassável no entendimento das dimensões do jogador e do próprio guarda-redes – daí as cores estridentes…

      Imbicto abraço!

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